E agora?

Neide Góes

“Adoro criar, e a escrita é pura imaginação solta, como bola na mão de uma criança, que a faz rir porque, por mais que você tente guiá-la ou adivinhar pra onde ela vai, vem o inesperado, o vento, que se encarrega de levá-la pra onde?… eu não sei…”

Neide Góes                                                                          


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 Eiitaa… virei um camaleão ambulante?

Tem dias em que eu acordo e de repente vou direto para o cabeleireiro. Ou penso que o meu dia será como todos os outros e, por fim, percebo que saí totalmente da rotina preestabelecida por mim. Esses dias são bem estranhos. Algo não se encaixa. Penso: “sou a mesma do outro dia?”. Que nada… Falo comigo: “não se iluda, você é a mesma, porém adquiriu novas experiências e está apenas se ajustando!”.

Em tempos modernos, parece que exigir mais da gente acontece com frequência. A entrada de novas tecnologias fez com que o trabalho de certa forma ficasse mais mental do que braçal. Veio então a tal ociosidade. O ócio… oh! Tinha que dar nisso… Calminha aí, não estou dizendo que abolimos totalmente a mão e o corpo no trabalho. Mas antes, lavava-se a roupa no tanque. Já imaginou o que é isso? Lembro-me daquele tempo em que as lavadeiras realizavam esse trabalho na beira do rio. Eram quilômetros equilibrando na cabeça uma bacia cheia de peças. Hoje a maioria das pessoas tem máquina de lavar e, inclusive, de secar (algumas pessoas ainda não têm!). Como naquela época era impossível não ter rotina, elas já sabiam que iriam ficar metade do dia, ou melhor, “metades de dias” lavando a roupa na mão e depois estendendo.

Havia uma demora na execução do serviço, e por isso tinha-se uma rotina. Divagando… Acho que não existia a tal da depressão e nem essa tal ansiedade… O cérebro era mais calminho. A mente ficava ocupada, e o fator tempo não era considerado, mas sim a execução da tarefa. Apenas iam. Não tinham um relógio na mão igual ao coelho da Alice dizendo “estou atrasado”. Sempre atrasado. Por que e para quê, mesmo? O coelho não fazia nada! Talvez estivesse ali apenas para acordar a Alice. Bom, deixa pra lá…  O que incomoda é que está pedindo para ser mudado. Chamo isso de subir degrau, evolução, ajustes… Seja o que for, estamos sempre tentando não sair da zona de conforto, mas isso é irreal, a vida segue e a mudança é inevitável. Quando você vê, ela já mudou e a única saída é se adaptar. As máquinas jamais dominarão os homens, penso eu. As cabeças continuarão pensantes – umas mais, outras menos – e todas as nossas concepções diárias se ajustarão gradualmente. Então o jeito é eu meditar para equilibrar os meus sentidos. Ah, sentidos… Como dominá-los? Estamos sendo alertados pelo relógio do Coelho? Será? Lembro-me constantemente de que sou um ser humano e de todas as concepções ou coisas que o meu cérebro foi observando. Eu não dei conta, vejo de uma hora pra outra que algo mudou.  Ah, sem blá, blá, blá…  Viver é estar preparado sempre para ser um camaleão ambulante!!!

Fico pensando… A tecnologia acelerou as mudanças e precisaremos abrir compartimentos diários no cérebro para que possamos identificá-las. Assim, quando acontecerem, poderemos usufruir melhor essas novas concepções. Eu, hein? Não vou nem esquentar… Com tantas tarefas, mesmo não sendo braçais, tento é utilizar meios para simplificar o meu dia a dia e cair no ócio. Afinal, Eva era simples, nem lavava a roupa. Vestia só uma folhinha e, quando esta já estava esturricada, imagino eu que era só pedir com jeitinho para o Adão estender a mão e pegar outra – bom, é o que eu faria… É, acho que de bobinha Eva não tinha nada!! Mas que pena ela não ter conhecido o perfume Chanel nº 5. Hummm… Essa fragrância que seduz qualquer um ao ócio. Falando em Eva e pecado, só mais uma coisinha… Existem lugares onde a tecnologia já chegou, mas água, saneamento básico e melhorias no ensino, por exemplo, ainda não. Coisas do nosso sistema.

É, novas tecnologias, sistemas velhos. Eiiita! Torço, retorço (como diz a música), não sei se vou para o ócio ou para o sistema. Alguém pode me indicar o caminho.